Na segunda-feira, dia 16 de
março, iniciará mais um ano letivo para os Sistema de Organização Modular de
Ensino – SOME modalidade de ensino em vigor no Estado do Pará por trinta e
quatro anos. O Sistema Modular funciona em mais de quatrocentas e cinquenta
localidades em noventa e oito municípios, em blocos de disciplinas em um
período de cinquenta dias letivos, em quatro módulos, durante o ano.
Com o deslocamento dos educadores
para as localidades, onde desenvolvem suas atividades pedagógicas, eles terão
vários desafios pela frente, o que ressaltaremos neste texto como forma de
entendimento e compreensão de um contexto educacional em nosso Estado.
No próximo dia 15 de abril, o
SOME estará completando 35 anos de funcionamento e levando aos mais longínquos
municípios a educação, desenvolvimento e representação do Estado nas
localidades onde foi implantada essa modalidade de ensino. Os educadores mais
experientes, acostumados às adversidades e cotidiano das realidades de várias
localidades retornam ao seu ‘’mundo’’, alguns com mais de vinte anos de
vivencia onde demonstram suas experiências e sabem trocar com as realidades do
mundo rural, sejam com ribeirinhos, pescadores, camponeses, quilombolas, indígenas
e colegas de equipes, já que às vezes em cada módulo trabalha com equipes
diferentes. Para educadores novatos,
muitos vindos de ambientes urbanizados começam a sentir na pele um ‘’mundo’’
diferente. Em algumas localidades não existe energia elétrica, outras
desprovidas de internet, rede de telefonia, outras nem Televisão e, por aí vai.
Temos recebido vários emails e
telefonemas de colegas preocupados com a situação de funcionamento em algumas
localidades. Sabemos que já acontece de educadores do Sistema Modular pagar sua
moradia nas localidades onde não tem residência para os educadores morarem.
Situação séria, já que nem município nem Estado assumem esse compromisso.
Alguns educadores estão dormindo na sala de aula, sem contar que outras funcionam
em barracões. Isso acontece, pelo fato de não haver um convênio entre município
e Estado. Mesmo sabendo que o Ensino Médio é de responsabilidade do Estado,
legalmente, mas nossos alunos são eleitores e fazem parte da vida do município,
o que as autoridades não compreendem ou se fazem de ingênuos.
Outro desafio que os educadores
estão enfrentando para poder desenvolver um melhor trabalho é o transporte
escolar. Como os alunos (a)s do Sistema Modular
são matriculados na Escola Sede, os municípios acreditam que eles não têm
direito ao transporte, o que tem dificultado a vida do aluno e dos educadores.
Mesmo assim, os municípios têm contribuído bastante com o dialogo e ajudado os
alunos do Sistema Modular. Geralmente, o calendário escolar do Sistema Modular segue
o calendário escolar do município, quando não tem aulas no município,
automaticamente não tem no Sistema Modular.
Outra preocupação dos educadores
o SOME é quanto ao arquivamento de processos na sede da Secretaria Estadual de
Educação de implantações do SOME, inclusive acabando onde já funciona. Para os
educadores o cerco está se fechando, como aconteceu em 2003, onde perdemos quase
sessenta por cento da gratificação, por decisão da Sra. Rosa Cunha, então
Secretaria Estadual de Educação, naquele momento, cunhada do governador o Sr.
Simão Jatene. Alguns municípios onde funcionava o Modular no Fundamental foi
municipalizado, com isso restringindo, ainda mais a carga horária dos
educadores.
E ainda, o Estado tenta
substituir o Sistema Modular pela Educação de Jovens e Adultos – EJA e o
Projeto Mundiar. Enquanto o EJA a verba veem do Governo Federal o Projeto
Mundiar teria patrocínio da toda poderosa Rede Globo, com verba do Governo
Federal, sem contar que os mandatários da SEDUC podem enveredar o Sistema Modular
para Educação do Campo, mesmo sendo uma modalidade de ensino, é uma questão e
decisão política. Com a aprovação da Lei, os educadores não foram beneficiados
de sua gratificação de deslocamento já que não foi incluída nas licenças e
aposentadoria. Só para ilustrar, no caso das mulheres quando estão de licença
maternidade ficam seis meses sem receber a gratificação, visto que não esta
incorporada no salário.
Portanto, citei alguns aspectos
que desafiam esse sistema de ensino. Mas, para nós educadores que somos lotados
na maior política pública de inclusão social da Amazônia, que é o Sistema
Modular, não podemos esmorecer nossa categoria que é uma da mais
representativa, atuante e unida.
Independentemente de seu time de futebol, credo religioso e facção
política vamos à luta para assegurarmos o que conquistamos, já que para o
governo tucano educação não é investimento e pedagógico é apenas gasto,
infelizmente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário