Neste relato buscarei enfatizar minhas viagens para o
município de Quatipuru, popularmente conhecido como Kuait, no nordeste
paraense. Sei que viajar me deixa feliz
e principalmente quando é prazerosa, sinto que nasci para essas aventuras,
conhecendo novos lugares, fazendo amigos, portanto, veio de berço. Apesar de
ter nascido em Belém, viajei muito pelas fronteiras do Estado do Amazonas desde
criança e até o momento continuo assim com esse tipo de vida. Minha família sempre
viajou muito, pelas atividades profissionais de meu pai e o gosto continuou. Durante
minha vida profissional parte significativa dela, foi viajando pelo Estado do
Pará.
Assim vêm as lembranças desses momentos importantes em minha
trajetória de vida. Quando sento, começo a pensar e a escrever, principalmente,
quando fui desenvolver minhas práticas educacionais nos interiores do Estado do
Pará. Com mais de 200 km da capital do Estado para lá, o deslocamento se fazia
pela segunda feira pela manhã cedo, saindo com os professores que faziam parte de
minha equipe no módulo. Ressalto excelentes pessoas e brincalhões durante as
quatro horas de trajeto. O tempo passava
tão rápido e nem percebia, com bons diálogos, envolvendo assuntos como
política, economia, educação, sobre o próprio Sistema Modular, piadas entre
outros assuntos que vinha durante nossas conversas.
Levando em consideração a distância, percebemos que é
possível verificar alguns ambientes interessantes durante esses trajetos.
Saindo da capital, passamos pela região metropolitana e periférica indo e
depois pela BR 316, passamos por alguns municípios como Ananindeua, Marituba,
Benevides, Santa Izabel e Castanhal. Nesses municípios pelo fato de ficar perto
da capital, o fluxo de pessoas é bastante grande, com a chegada de pessoas de
outros estados e municípios. O comércio, indústria e a agropecuária são à base
de circulação das mercadorias, sem contar que a migração se aprofunda nas
últimas décadas, provocando ocupações de áreas desordenadas sejam nas zonas
urbanas, sejam para as localidades interiorizadas. Consequências também são os
altos índices de violências nesses municípios.
De Castanhal à Quatipuru, notamos o campo mais aberto, com
menos circulação de pessoas nas áreas localizadas, a não ser o município de
Capanema, considerado o maior de todos. O
referido município, que é famoso por ser considerada a “terra do cimento”,
proporciona um desenvolvimento econômico avançado nos anos 2001 a 2003, período
em que tinha o município como entreposto durante nossas viagens. Saindo da BR 316, onde o fluxo de veículos era
maior, principalmente, em direção à rodovia Pará Maranhão, partíamos em direção
ao município Primavera. Neste era só de passagem, mesmo, sem nenhuma relação
com ele. Deste para o dito município que iríamos trabalhar, percebíamos áreas
desertas, com poucas produções agrícolas, já que parte significativa dessas
áreas se via bastante o gado e poucas produções de hortas e hortaliças.
Chegando ao município de Quatipuru onde desenvolvíamos as práticas educativas pelo Sistema de Organização Modular de Ensino – SOME política pública de ensino médio que atende os filhos dos trabalhadores rurais, camponeses, quilombolas, indígenas e assentados a recepção era excelente por parte da comunidade. Tínhamos a Casa dos Professores alugada pela Prefeitura Municipal e com o básico que necessitávamos durante o módulo. Tive a oportunidade de trabalhar duas vezes na terra do caranguejo e apreciar a sua cultura, história, economia e sociedade.
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