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segunda-feira, 12 de setembro de 2022

7 de Setembro | Ignacio Godinho Delgado

 




          Foto: Jonas Tiago Silveira


No capítulo 1 de “A Revolução Burguesa no Brasil”, “Impactos Socioeconômicos da Independência”, Florestan Fernandes nos diz que essa teve uma “polarização ideológica” e uma “polarização utópica”.

 

Na primeira, o liberalismo é utilizado para redefinir as elites escravocratas no cenário mundial, enfeixando seu domínio na forma de um Estado-Nação.

 

A segunda envolve a promessa que o Estado Nação encerra, na criação de um impulso rumo à igualdade.

 

E, mesmo que , depois, a dominação burguesa tenha se realizado segunda a modalidade do modo “autocrático-burguês”, conforme discorre Florestan nesta obra seminal, a existência do Brasil projeta, para todos, um sonho a perseguir, de uma Nação justa, desenvolvida e democrática.

 

Marx dizia que a “emancipação política”, que o liberalismo representa, é um passo na “emancipação humana”. Marshall dizia que o Estado-Nação é um “status compartilhado”, que dissolveu as ordens e estamentos do mundo feudal, abrindo o caminho para a afirmação progressiva dos direitos civis, políticos e sociais.

 

Há muito a rever, a partir do “grito dos excluídos”, no confronto com os portadores da “polarização ideológica” do liberalismo, que instrui o processo de Independência. Mas não podemos deixar que a data seja um patrimônio de nossa elite de matriz escravocrata. A Independência criou o Estado Nacional brasileiro e é a partir dele que haveremos de alcançar (ou nunca o faremos) uma sociedade justa, fraterna, igualitária.

 

Fora disso, qualquer outro arranjo é uma quimera que pode confortar o espírito, mas não instrui a ação transformadora.

 

 

 

Ignacio Godinho Delgado é Professor Titular Aposentado da Universidade Federal de Juiz de Fora.

Fonte: Democracia Socialista

Publicação: 06/09/2022


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