Antonio Juraci Siqueira *
Surfando na pororoca
da divisão do Pará,
os caboclos ribeirinhos
pegaram corda por lá
e avivaram sonho antigo
que agora em versos lhes digo:
a divisão do Afuá.
A turma pró-divisão
chegou pronta pra bater
usando o velho argumento:
“Dividir para crescer!”
E, nesse hilário teatro,
em vez de um, seriam quatro
municípios, a saber:
Na campanha eletrizante
feito peixe poraquê,
cada parte caprichava
no tro-ló-ló, tre-le-lê.
E essa divisão patética
seria na ordem alfabética:
Afu-Á, B, C e D.
O Afu-Á remanescente
seria das bicicletas,
no Afu- B , só Jet-skis,
no Afu- C , motocicletas.
No Afu-D... Oh! Deus do céu,
deu-se o maior escarcéu
com piadas indiscretas.
O padre, no seu sermão,
conclamou filhos e pais,
mostrando, nesse processo,
perdas e danos morais
e afirmava, sem desdém:
– Até Afucê, tudo bem,
mas Afudê, já é demais!
E nesse chove-não-molha,
deu-se o maior bafafá
entre os neo-separatistas
e os puritanos de lá
que incitavam a multidão
e bradavam: – Não e não!
Ninguém divide o Afuá!!!
*Caboclo afuaense juramentado.
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sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
Voto soberano do povo diz 55 a divisão do Estado
Com abstenções de 25,71% e votantes de 74,29% foram os números de eleitores que participaram do processo eleitoral, onde a população do estado do Pará disse NÃO a divisão do seu território. O número de eleitores que foram contra o estado do Carajás, ficou em 66,60% e 33,40% disseram SIM , ou seja a criação de uma nova unidade da federação. 33,92% disseram SIM a criação do estado do Tapajós; enquanto 6,08% votaram contrário.
Com a consolidação do Plebiscito , podemos fazer algumas considerações que consideramos fundamentais: Entre eles o racha nas oligarquias do estado em que a população pode ser beneficiada; outro aspecto, foi colocado em cheque a gestão tucana durante os 12 anos que ficaram governando o estado e início desse mandato. Sabemos, ao longo desses 23 anos viajando pelo Sistema Modular de Ensino em todo o canto do Pará que a zona rural tem muitas necessidades, que não passa só pelo discurso ou gabinete, mas só sabe quem vive.Por exemplo, trabalhei recentemente em uma comunidade, considerada quintal de Belém, que não tinha água, nem energia imagina o resto. Não podemos negar que acirrou os ânimos e o clima entre cidade e interior, que a gestão tucana precisa enxergar melhor as condições sociais e econômicas; assim como planejar ações que seja benéfica para a massa da população que reside no interior. O debate e a discussão sobre Orçamento Participativo, Planejamento territorial, Gestões Democráticas, Participação Popular precisam ser provocadas e o papel e a participação do estado é importante; com o resultado a população amadurece no processo democrático, apesar do debate sobre a Divisão do Pará ser muito fraco, praticamente, não tinha-se estudos consistentes e mais elaborados, o debate ficou muito vago, sob fogo de acusações entre os representantes das oligarquias ou na imprensa. A partir de agora, será necessário aos administradores ter um novo olhar sobre o mapa do estado, e não olhar só apenas no emocional.
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
Separados e Unidos, o mesmo problema
Fernando Arthur de Freitas Neves *
Como todos estamos nessa ciranda obrigo-me a dizer o que penso. Este não é um debate no qual a racionalidade possa sozinha ser guia na escolha. Experimentamos o Pará no lugar onde vivemos, não é à toa que em Santarém seja difícil encontrar forte representação do NÃO A DIVISÃO vis-à-vis em Marabá acredito que o grosso da população tenda a expressar o SIM à criação de Carajás. Ocorre que tentar fixar a idéia daqueles que defendem o NÃO ser um bando de mentirosos e aleivosos dificulta muito a percepção das possíveis conquistas a serem produzidas com ou sem a divisão. A questão em exame mexe muito com nossas emoções, se trata de uma economia de afetos agora em ebulição. Os dois lados fantasiam a expressão de desenvolvimento.
Em 1987 estive em Santarém para auxiliar na organização do movimento estudantil no campus da UFPA, fiz muitas reuniões com os colegas que nem lembro o nome, contudo o que ficou em minha memória foram as defesas vigorosas pela divisão do estado. Claro, com arrogância de alguém da capital disse ser um delírio fruto da inveja e da ausência de protagonismo daqueles do lugar, logo a seguir estive em Marabá com o mesmo objetivo e curiosamente nada encontrei de tão representativo pela divisão, pelo menos no campus da Ufpa naquela cidade.
Os sentimentos que me vieram neste instante do plebiscito não são dos melhores, sinto-me traído e questiono por que devemos nos separar? Cheguei a pensar uma solução para nos livramos daqueles, bastava tomar o centro geodésico desta cidade e determinar um raio de 30 km ao redor e ali ser proclamado o território, mas não basta, o resultado do plebiscito vai deixar chagas muito profundas para serem sanadas.
A reclamação da centralização e favorecimento de Belém feita pelos separatistas é de uma ingenuidade de fazer corar, não há opulência na capital sugando as energias criativas do resto do estado; deveriam demonstrar quando e onde se apresenta tal desempenho; acaso não padecemos das inúmeras fragilidades estruturais da gestão do estado em segurança, educação, saúde e infra-estrutura? Obviamente querer sustentar que a criação de novos estados conduzirá a plena satisfação dessas necessidades fundada na ideia de uma capacidade inata para responder aos desafios é uma ideologia pobre, pois as características de empreendedorismo não foram suficientes para romper as limitações estruturais em quase 400 anos de colonização, até o grande capital quando se enredou na floresta teve suas derrotas como ficou assinalado pelo fracasso da Ford no Tapajós, outros muitos exemplos poderiam ser arrolados, contudo basta este para demonstrar quão equivocada está a tese separatista, a despeito de arrolar vários dossiês inflando a receita dos novos estados como solução, descuida-se de evidenciar como esta mesma receita será efetivada.
Acusar o Pará de esquecimento é outra falsificação da realidade, a maioria da população do interior sofre de todo cosmopolitismo das elites em qualquer estado da federação, na lógica sugerida pelos separatistas deveríamos elevar todas as regiões à condição de capital para superar o drama interior X capital. Este é um falso problema, não alcançaremos horizontalidade no desenvolvimento sem reconhecer os biomas da Amazônia como parceiros para questionar o modo de produção de mercadorias no qual estamos envolvidos; bem como a posição secundaria que temos no pacto da federação é que faz com sejamos produtores de energia e ainda sim termos uma das contas mais cara da federação, situação similar no que se refere à questão mineral que deixa a compensação financeira irrisória pela lei Kandir enquanto a união fica com o grosso dos impostos. Acaso acreditam os separatistas que terão outra posição no pacto da federação e terá revista a questão dos impostos? Se assim é, estes candidatos à condição de elite já adquiriram a soberba sem sequer ter obtido alguma conquista material para viabilizar seus planos. Invés da exploração sobre o Pará será a continua extorsão sobre os três novos estados. As hidrelétricas a serem construídas no Tapajós acaso seriam regidas por regime distinto do resto do sistema? Como? O mineral explorado em Juriti também teria estatuto diverso para reger a questão mineral? Isso faz algum sentido? Quanto à proteção da floresta? Ahhhhh, aqui esta a inovação por excelência, as pressões pela formação de pasto e uso da madeira vão desaparecer e permitir a intrusão de um modelo de desenvolvimento que preserva a floresta e aqueles que dela vivem, humanos e todos os outros seres.
Sinto dizer, mas essas demandas não desaparecem por vontade ou desejo, elas são alimentadas pelo modo de produção de mercadorias que escolhemos viver. Digo, escolhemos, porque cada vez que ligamos um aparelho elétrico reforçamos a demanda por mais energia, tanto quanto ao utilizarmos carvão vegetal ou nos fartarmos no suculento bife ajudamos no endosso à devastação da floresta. Apenas para efeito de registro gostaria de saber qual proposta de preservação tem os separatistas para combater o arco do desmatamento? O deslocamento da fronteira sinaliza o desmatamento, um pouco de apreço ao estudo sistemático preencheria esta lacuna e veria que a criação de novos estados não responde a contento ao problema. Para aqueles que enfatizam quanto os novos estados deram certo seria recomendável ver este quesito desmatamento e logo vão ver como foi exponencial a expansão da destruição do meio ambiente no cerrado, pantanal e floresta amazônica justamente em Mato Grosso, Mato Grosso do sul e Tocantins.
Quanto às omissões do estado essas merecem ser duramente criticadas, contudo é preciso responsabilizar adequadamente as esferas de governo para melhor satisfazer as necessidades da promoção humana. A avalanche de criação de municípios também deveria ser frenada sob pena de continuar a serem estabelecidos municípios sem efetivas condições de sustento. As perguntas sobre os rumos do desenvolvimento precisam ser colocadas para toda sociedade e a gestão pública precisa considerar a imperiosa necessidade da continuidade das políticas públicas e das ferramentas de gestão. O Zoneamento Econômico Ecológico, ZEE, iniciado no governo Jatene e prosseguido no governo Ana Júlia não pode ser uma moda de gestão, em ambos os governos, e mesmo no presente, a referência para o desenvolvimento dos Arranjos Produtivos Locais e os Consórcios de Municípios foi pouco proveitosa, isto continua a gerar o abandono de metas e aprofunda a ausência de solidariedade entre as esferas de gestão e a sociedade civil. Mas é preciso saber o que cobrar de cada esfera, por exemplo, a educação do ensino fundamental é responsabilidade da prefeitura, contudo como manter uma escola que fica a três horas de lancha da sede? Não basta afirmar ser responsabilidade municipal, precisamos contabilizar como manteremos todos os alunos em idade escolar efetivamente na escola, outrossim, criar expedientes para atrair aqueles que por diferentes motivos tiveram interrompido esse percurso de educação ao longo da vida. Nesta perspectiva as esferas de governo federal, estadual e municipal devem amparar essa meta nos Plano Nacional de Educação, Plano Estadual de Educação e nos Planos Municipais de Educação.
É muito especiosa a tese de responsabilizar a capital pelo atraso do resto do estado. Só não conseguem demonstrar como é feita esta operação. Acredito que nossas escolhas se assentam a partir do lugar em que vivemos; obviamente isso é pueril, porém isso chega a determinar nossos afetos se sobrepondo ao valor de solidariedade irmanada na história e na cultura. Faz pouco tempo estive com os parceiros do Coletivo Poraquê numa intervenção da oficina de meta-reciclagem de computadores e investimento na plataforma Linux. Jovens, apaixonados, criativos, disseram-me de seus projetos de criação de Silicon Valley em Santarém e que não entendiam não ter reconhecida esta propositura no projeto de desenvolvimento do estado, chegaram a sustentar que tinham uma cultura distinta da minha e para provar usaram um vocabulário estranho para apartar-me de sua cultura, fiquei um tanto aparvalhado com situação e respondi que poderia emular o mesmo dispositivo, bastava usar o vocábulo estranho daqui da minha banda para assinalar que estas diferenças são do universo do uso da língua sem necessariamente delimitar uma fronteira.
Precisamos fazer muitos acertos sobre como disciplinar o debate, pois nem sempre as definições da sociologia do desenvolvimento conseguiram captar as dimensões e expectativas dos agentes locais. Talvez a noção abstrata de dada vocação para o desenvolvimento deva ter em paralelo a noção de constituição do protagonismo daqueles sujeitos, deste modo poderemos auxiliar as escolhas na direção de qual proposta de desenvolvimento subscrever.
Ser paraense não se restringe ao consumo e uso das drogas do sertão, significa a mobilização desta cesta de sabores, cheiros, tatos e expressões em relação de afeto com todos que aqui chegam. O resultado do plebiscito será danoso seja ele qual for. Meu voto no NÃO é o compromisso de sempre fazer da realização humana uma promoção dessa condição. Outro processo mais complexo sobre como se articula este debate de separação com a luta de classes ainda não foi feito, espero poder oferecer minha interpretação sob este prisma oportunamente.
Sorte a todos.
* Professor da Universidade Federal do Pará (UFPª)
sábado, 3 de dezembro de 2011
Divisão do Estado do Pará
A oito dias para a realização do plebiscito que deverá consultar a sociedade paraense sobre o surgimento ou criação de novos estados, que irão ser incorporados, caso sejam aprovados, pelo nosso país, que são em número de dois, sendo Tapajós e Carajás. A semana que passou saíram alguns dados em que mais de 61% rejeitam a divisão, segundo o Instituto de Pesquisa Datafolha, onde demonstrou a intenção dos votos dos paraenses; portanto, a maioria dos paraenses que tem direito ao voto são contrários a separação, que é o sonho de alguns atores que se estabelecem na terra do papa chibé e agora acham que tem o direito de pedir a divisão. Interessante, é que essa divisão, por interesses econômicos e políticos, entre as elites regionais está contribuindo para fomentar a discussão e o debate na população de uma processo fundamental, estimulando, inclusive nas escolas públicas a importância do plebiscito. Acredito, já que mexe com a geografia do Brasil, o correto seria o plebiscito nacional.
A favor da criação dos novos estados, apenas 31% de eleitores e 7% continuam indecisos, deduz-se que a vitória do Não é quase certa, digo isso, porque em política, como dizia uma velho amigo no início da década de 80 na universidade, Hélio Pimentel: - "nunca vi foi boi voar, mas em política, tudo é possível, já que é uma arte".
Segundo dados do Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará - Idesp, indicam que os novos estados já nasceriam deficitários, no caso do estado do Tapajós teria já um déficit de R$ 964 milhões; enquanto o Tapajós teria um déficit de R$ 1,9 milhões, portanto sendo o maior o saldo negativo. E pergunto: Quem pagaria essa despesa ? - A População, nós.
Outro aspecto que gostaria de manifestar é quanto os interesses econômicos e políticos. Sabemos, que os grupos que lideram o Não e o Sim, praticamente, tem investimentos tanto no oeste, quanto no sul ou sudeste do estado; assim como, aqui na capital. Contextualizando um pouco da História econômica da Amazônia, sabemos , também da abertura ao grande capital, na década de 70, 80 e 90, que também possui vários investimentos em todo canto da nossa região. Em um primeiro momento, chegam com a "pata do boi", depois a mineração e hoje aplicam em várias atividades, como soja, imóveis e terras improdutivas visando, apenas especulação. E lá vai nosso povo votar....... E o meu voto é Não, penso que para resolver os aspectos críticos do estado, está faltando, realmente, uma organização política da população e que seja guerreira, em vez de valorizar os representantes das oligarquias e interesses pessoais.
terça-feira, 30 de agosto de 2011
DIVISÃO DO PARÁ
Secretaria Estadual de Educação
Secretaria Adjunta de Ensino
Educadores: Ribamar e Fátima Oliveira
Tema: A divisão do Pará em questão
I – JUSTIFICATIVA
Considerando que a separação do Estado do Pará é um assunto atual e complexo se faz necessária ampla discussão no espaço escolar, para que os educadores tomem consciência de que enquanto sujeitos da historia não podem ausentar-se desse momento histórico, pois trata se do destino de todos nós, paraenses.
II- OBJETIVOS
a) Sensibilizar a comunidade em geral sobre a divisão territorial do Estado do Pará;
b) Refletir sobre as perdas e/ou benefícios caso aconteça à criação dos Estados de Carajás e Tapajós;
c) Conhecer as regras da legislação eleitoral;
d) Identificar os músicos regionais e seus posicionamentos em relação ao tema;
e) Identificar os políticos de diversos partidos e seus posicionamentos.
III – METODOLOGIA
O trabalho será desenvolvido em duas partes. A I parte terá como suporte didático textos jornalísticos de “O Liberal”. São argumentos de diversos cantores paraenses que fazem adesão à união do Estado do Pará.
Na II parte, além do jornal “O liberal”, “O Diário do Pará”, também será utilizado como fonte de pesquisa, os quais darão condições aos educandos de:
*Traçar o perfil de músicos e políticos que fazem ou não fazem adesão à união do Estado.
* Confeccionar paródias utilizando músicas regionais.
* Organizar eleitores e simular o plebiscito no espaço escolar.
• Textos da I Parte.
1 – De um país que se chama Pará (Entrevistas);
2 – Como ficará o Pará dividido ( Gráfico);
3 – O caminho aberto para as urnas;
4 – Hino do Estado do Pará;
5- Música: Belém-Pará-Brasil
IV – CRONOGRAMA: Agosto e Setembro de 2011.
segunda-feira, 15 de agosto de 2011
DIVISÃO DO PARÁ
Interessante, no dia 15 de Agosto de 1823, nós tínhamos uma luta constante entre um país independente, que era o Brasil, e lutavámos pela divisão entre a metrópole e a colônia, com as adesões de algumas Províncias que não aceitaram a separação de Portugal, no ano anterior. Só nesta data, é que o Pará aderiu a Independência do Brasil.
No momento, o contexto é outro, em Dezembro, vamos decidir se o estado do Pará ficará dividido entre três estados, ou a criação de mais dois. Portanto, acredito na consciência política dos eleitores que dará a vitória a não divisão de nosso querido estado.
domingo, 1 de agosto de 2010
Separação do Estado do Pará
Lendo o Jornal DIÁRIO do Pará de sábado passado percebi quanto é importante ter orgulho de ser paraense, quando o colaborador do jornal Otávio Rodrigues esclarece o combate à divisão do Pará. Realmente, ter orgulho é ter o olhar da diversidade cultural, já que temos centenas de terras quilombolas e terras indígenas. Será que a oligarquia, partidos e empresários que defendem a divisão não conseguem ter uma visão que não seja apenas de interesses econômicos, será que conhecem um samba de caçete, um retumbão, mazurca, siriá,carimbó, xote entre outros estilos característicos do hibridismo cultural. Pois é, com essa dimensão territorial de dá inveja, com o novo planejamento de desenvolvimento, onde a população nativa, também será beneficiada é possível a resistência a separação de nosso Estado. Temos que ter orgulho e nem deixar envolver-se pelos discursos de quem não é verdadeiramente paraense. A população está organizada politicamente e preparada para o NÃO a divisão do Pará. Otávio em razão.
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