Total de visualizações de página

Mostrando postagens com marcador ONU. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador ONU. Mostrar todas as postagens

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Cachorro tenta salvar mulher de espancamento


                                                                                                             Valdivino Cunha*


Na semana em que o assassino da adolescente Nayara Rodrigues foi julgado e condenado, a violência contra a mulher continua. Nem mesmo numa semana de grande repercussão que o caso Nayara teve, a violência contra a mulher avança impiedosamente. A Conferência das Nações Unidas sobre direitos humanos aprovado em Viena em 1993 reconheceu formalmente a violência contra as mulheres como uma violação aos direitos humanos.

O problema da violência contra a mulher tem raízes profundas, pois, já no apogeu “democracia ateniense” o seu exercício era só para homens porque a mulher era considerada incapacitada para exercê-la. Na Revolução Industrial com a implantação do capitalismo,  a mão-de-obra mais barata e mais explorada foi da mulher.

Quando os conflitos entre homens e mulheres ocorrem, os homens com raras exceções se acham superiores, mais fortes e que as mulheres lhes são submissas. Os maiores causadores dessa violência contra as mulheres são exatamente aqueles os quais deveriam protegê-las. Eles são na maioria das vezes, os maridos, amantes, namorados, pais, padrastos, irmãos, chefes, outros homens e até filhos que acham que têm o direito de impor suas vontades às mulheres.

A questão sexual e sentimental é muitas vezes dramática para as mulheres. A grande maioria dos crimes contra elas têm esse viés. Os homens espancam, molestam e as matam por ciúmes, por acharem que as mulheres não têm o direito de escolha e por isso ceifam suas vidas. Esses monstros fazem da mulher uma posse. Não admitem perdê-las com seus machismos repugnantes.

Os elementos que compõem as estatísticas da criminalidade contra as mulheres são de duas naturezas: são químicos, quando entram na fórmula álcool e drogas ilegais. O outro elemento é de cunho social que tem raízes mais profundas e mais difícil de ser combatida, pois se fundamenta na maneira como a sociedade ver o papel masculino, que já o faz diferente já na idade tenra adotando formas diferenciadas de educar meninas e meninos. Os Meninos são incentivados a serem dominadores, a usar a força física, a ação, os mandos, a satisfazer seus desejos, inclusive os sexuais. Já as meninas são valorizadas pela beleza, sensibilidade, delicadeza, fidelidade, sedução, amabilidade, compassividade.

Em que pese os avanços da lei, como é o caso da Lei Maria da Penha, só isso não basta. É preciso que a sociedade se indigne contra essa violência. É preciso mudar a cultura do machismo e essa mudança deve começar em casa e urgentemente. Não basta dizer que precisamos educar nossas crianças para que no futuro não venhamos mais ter violência contra a mulher, a mudança tem que ocorrer agora.

Nós adultos, homens e mulheres não podemos ficar impassíveis diante dessa crueldade. Temos que denunciar e fundamentalmente agirmos no aqui e no agora, dentro o fora de nossa casa, mesmo que o criminoso seja nosso irmão, pai, vizinho, colega de trabalho e fundamentalmente, mesmo que a violentada não seja contra nossa mãe, irmã, amiga ou colega de trabalho. Temos o dever de denunciar e combater a violência, em todas as formas, mesmo que para isso tenhamos que dilacerar nossa própria carne. Somente assim poderemos diminuir as estatísticas da violência contra a mulher, tão cruéis e inaceitáveis.

Esta semana as redes de televisões mostraram além do julgamento do caso Nayara, um filho que assassinou a mãe e uma mulher sendo espancada em Pernambuco no meio da rua sem que ninguém ao menos tentasse socorrê-la, exceto um cão que bravamente tentou sem sucesso através de latido mordidas, evitar que um outro animal, desta vez da espécie humana, não violentasse com pancadas e pontapés uma mulher indefesa e que por mais gritasse de dor ninguém a socorreu. Precisamos dar um basta nesta barbárie.


* O autor é sociólogo e professor da rede pública estadual de ensino



terça-feira, 10 de janeiro de 2012

ONU declara 2014 como Ano Internacional da Agricultura Familiar

Durante reunião realizada em dezembro, a Assembleia Geral da ONU declarou 2014 o Ano Internacional da Agricultura Familiar.



O ministro do Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence, disse que a declaração aponta o entendimento da ONU acerca do caráter estratégico do setor para o combate à fome. “Com esta decisão, a ONU reconhece a importância estratégica da agricultura familiar para a inclusão produtiva e para a segurança alimentar em todo o mundo – num momento em que este organismo vem manifestando sua preocupação para com o crescimento populacional, a alta dos preços dos alimentos e o problema da fome em vários países”, analisou Florence, que também lembrou que a agricultura familiar produz 70% dos alimentos consumidos pela população no Brasil.



Para o deputado Bohn Gass (PT-RS), a escolha é motivo de orgulho especial para o Brasil. “É muito grande a nossa satisfação por esse reconhecimento mundial, que ocorre muito em função do trabalho que o Brasil vem realizado, especialmente a partir do governo Lula, de fortalecimento da nossa agricultura familiar. A própria eleição de José Graziano para a direção geral da FAO também é um indicador desse trabalho. Portanto, nada mais justo do que esse reconhecimento!”, comemorou Bohn Gass, que integra o Núcleo Agrário do PT na Câmara.



Bohn Gass espera que a decisão da ONU garanta resultados concretos para a agricultura familiar. “Esperamos que esse reconhecimento resulte em mais estímulo ao setor em âmbito global, com políticas públicas para aqueles que produzem alimento, que são justamente os pequenos agricultores”, acrescentou o parlamentar gaúcho.



A declaração foi considerada uma vitória das 350 organizações de 60 países ligadas à agricultura familiar que apoiaram uma campanha iniciada em fevereiro de 2008 em favor dessa decisão, na qual o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) teve papel importante. “Foi uma vitória importante do ponto de vista político para fortalecer a agricultura familiar em todo o mundo. Essas 350 organizações se uniram para sensibilizar governos a fim de que ela fosse reconhecida como instrumento de erradicação da fome de mais de um bilhão de pessoas”, afirmou o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura (Contag), Alberto Broch.



Dever de casa



O deputado Valmir Assunção (PT-BA) considera importante a decisão, mas ressaltou que o Brasil precisa realizar o seu “dever de casa” em relação à reforma agrária. “Sem dúvida essa declaração é importantíssima, mas o Brasil precisa acelerar a reforma agrária e garantir que milhares de família que vivem à beira da estrada, esperando pelas desapropriações, possam tirar o seu sustento através do trabalho na agricultura familiar. A concentração fundiária continua aumentando e o governo precisa tomar uma atitude em relação a isso. Além de acelerar as desapropriações, é necessário fortalecer e valorizar o quadro de servidores do Incra e dos demais órgãos relacionados à reforma agrária. Acredito que a presidenta Dilma terá condições de fazer isso nesses próximos anos do governo”, afirmou Valmir Assunção, também integrante do Núcleo Agrário do PT na Câmara.



O ministro Florence lembra que o governo brasileiro tem impulsionado a agricultura familiar por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), que fechou 2011 com uma carteira de crédito ativa de R$ 30 bilhões e mais de 3,2 milhões de contratos ativos. “Aperfeiçoar o crédito, a assistência técnica, o apoio à comercialização e as políticas públicas construídas ao longo dos últimos anos e aprimoradas em 2011 são nossos objetivos para 2012”, disse o ministro.



No Brasil



A agricultura familiar é hoje responsável por 70% dos alimentos consumidos pelos brasileiros. De acordo com o Censo Agropecuário de 2006 – o mais recente feito no país -, são fornecidos pela agricultura familiar os principais alimentos consumidos pela população brasileira: 87% da produção nacional de mandioca, 70% da produção de feijão, 46% do milho, 38,0% do café, 34% do arroz, 58% do leite, possuíam 59% do plantel de suínos, 50% do plantel de aves, 30% dos bovinos, e produziam 21% do trigo.



No Censo Agropecuário de 2006 foram identificados 4,3 milhões de estabelecimentos de agricultores familiares, o que representa 84,4% dos estabelecimentos agropecuários brasileiros. Este segmento produtivo responde por 10% do Produto Interno Bruto (PIB), 38% do Valor Bruto da Produção Agropecuária e 74,4% da ocupação de pessoal no meio rural (12,3 milhões de pessoas).



Fonte: Pt.org.br